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Minha segunda experiência em 360 graus

Em outubro de 2016, fui convidada por um grande amigo e diretor, Ricardo Laganaro pra montar um filme em 360 graus nos USA. Não seria o nosso primeiro. Fizemos um outro uma direção conjunta com o também querido Quico Meirelles, o Google, Beyond the map, que está aqui: |link|




Laboratório digital móvel em algum lugar na Califórnia.


Na minha primeira experiência, o O2 Pós cuidou do material e não pude ver de perto os processos de “revelação” do material digital (que se chama de stitching). Mas agora, com uma equipe reduzida, todos tivemos que manipular as medias brutas. Então juntos: produtor, Fernando Alcantara, diretor e eu (e o apoio sábio da Laura Futuro da antiga Lilit via internet), fizemos nosso laboratório digital ambulante, já que filmamos em vários lugares da Califórnia.







[Laboratório digital móvel - Em algum lugar na Califórnia]



O material foi muito bem filmado pelo João Padua, numa câmera ainda em estágio protótipo, chamada OZO para melhor ser apreciado no Oculus.

É uma câmera bem interessante. Alem de produzir material em 360 graus, ela é stereo... o que faz com que as imagens ganhem uma profundidade destacada do que está em primeiro plano. Imagens muito verossímeis.

O produto final é uma peça de 10 minutos documental em 360 graus. Ou seja, toda nossa escola de cinema, teve que ser revista. No sentido de que os códigos tem que ser repensados. Mais que isso, tem de ser re-sentidos. Porque a ferramenta 360 proporciona ao espectador uma oportunidade cinematográfica ainda não tão bem atingida pelo cinema tradicional: a de sentir empatia, de fato ser colocado nos pés de outra pessoa, de ver com seus olhos. Realmente vemos o que a câmera vê, e essa câmera vê tudo. Não tem 4a. parede. Não tem safe area. É um conteúdo imersivo. Essa experiência é ainda mais acentuada na medida em que quem assiste, escolhe onde olhar. Para a montagem, isso significa que a dramaturgia contada pelos tamanhos de lente, não existe. Decupagem de planos não funciona, ao menos com o mesmo código que sempre usamos. Quase tudo de Griffith até agora nesse sentido, não se aplica como se espera. E direcionar o olhar do espectador e quantidade de atenção que ele deve depositar em algum assunto, agora, é sobre a responsabilidade dele. Claro, nem tudo. O mais importante ainda está nas nossas mãos, ao montadores: a história. Essa ainda é nossa… essa coisa de contar histórias, milenar, e eterna.

Mas ao que interessa: técnica e artesanato. Uma câmera. Várias lentes em uma mesma câmera. Essas câmeras, anguladas, se colocadas uma ao lado da outra produzem imagens que, costuradas umas com as outras (stitching) resultam em uma imagem em 360graus. Que, com o Oculus, você fica absorto nela. E, sem ele, você vê como se alguém pegasse um globo terrestre, cortasse-o em um de seus meridianos e o esticasse numa mesa. O que a gente vê é algo assim: nas bordas superiores e inferiores do quadro, vemos a imagem mais comprimida, mais achatada. E, no meio dela, mais angulada.

[Subjetiva do material bruto - A montadora - Eu]

Na prática: há de se fazer o select com o Ocuclus. (Montamos no Premiere). Não se pode medir a força das imagens no 2D. E, nossas ferramentas são emoções. Então senta, relaxa, assiste tudo COM o óculos. Saber seus atalhos é muito bom nesse estágio. Não ter que ficar tirando e colocando o aparelho nos olhos de 5 em 5 minutos, vai melhorar muito sua experiência. Feito o select, daí sim recomendo voltar pra assistir o material em 2D e integrar assim. Pra assistir o que você montou, sempre voltar pro Óculos. Tem um hack que eu uso, que confesso pode ser embaraçante: um boné. Sim, usar um boné vai ajudar a manter o Oculus bem preso na sua cabeça sem ter que estar totalmente apertado. O conteúdo imersivo está apenas em suas formas iniciais… mas não são formas toscas. São formas não só digeríveis, mas sexys e incríveis. Eu pessoalmente acredito muito na bitola. Quando você tem uma história forte, ela se amplifica por todos os cantos, literalmente. Acabamos produzindo um filme lindo: Step to the Line. Acabou sendo compartilhado pelo Mark Zuckerberg e pode ser visto no Facebook ou no App Within.


Encerro com essa foto que é analógica... Como disse Fabinho Mendonça: um troço estranho. Uma foto analógica de uma cena futurística.

Sabrina e Laganaro trabalhando





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